31 de março de 2011

JANTAR



Sobre a mesa,
uma toalha dum tecido roto;
era minha pele rasgada e ressequida por anos padrastos.
Sobre a mesa,
um prato.
No prato,
os meus intestinos.
Cozidos e mal passados.
Comi o que estava dentro deles!
Na taça imperial,
meu sangue;
marca tinta de que um dia fui imortal!
A faca, um punhado de dentes;
A colher, uma ossada oca e indigente;
marca d’água de um tempo em que homens devoravam crianças
e mulheres ardiam em fogueiras santas!
Garfei-me!