23 de setembro de 2010

Canção do Girassol


Diante dos girassóis, o meu corpo curvado e sem luz!
Sobrevivente da melancolia e das horas agudas de solidão,
desfio no tempo a sorte que nunca tive;
de não ser amado e de sentir frio...


Desnuda a alma, tudo em mim é dor!
Quem poderá me agasalhar?
O vento que sopra distante me despetala todos os dias.
Sou caule sem seiva sob o luar que mingua a minha voz..


Em mim, a certeza dos espinhos às avessas;
uma vontade gigantesca de ser cactus no meio do oceano!
Qualquer coisa insana que estarrece os homens de boa vontade.


O poeta me descobriu entre as flores do jardim;
a casa abandonada, a pintura sem vida e um retrato amarelado;
como um girassol que adormeceu para sempre ao meio-dia...


João Carlos de Souza Ribeiro

Um comentário:

Tamara Doll Parts disse...

''Em mim, a certeza dos espinhos às avessas;'' gostei! :)