15 de setembro de 2010

A grandeza de um ministério

É corrente a ideia de que abraçar as causas do Reino de Deus na terra significa erguer trombetas para o alto, e, com grande alarido, estremecer baluartes, montes; gentes de toda a sorte, para proclamar com glória, fulgor e retumbância os fenômenos emanados do Senhor dos exércitos.
No entanto, há que se ter a compreensão cristalina de que nem sempre os céus e a terra serão abalados com tremores de toda ordem para que o Altíssimo, em sua magnitude ímpar, se faça presente diante dos mortais e das criaturas por Ele criados. Não! O contrário, neste sentido, é tão verdadeiro quanto a brisa suave da manhã, que desliza sobre a nossa face, como se o Pai estivesse nos acariciando, ou o belo despertar do alvorecer, que, silencioso, mas não menos exuberante, nos concede, todos os dias, o privilégio de anunciar mais um dia de vida, trazendo, por fim, a luz, tão necessária para que a natureza sobreviva e continue o milagroso curso da existência.
Portanto, entre a força tremenda, que aterroriza os homens, tomando de assalto toda a terra, e a singeleza das estações, tão cíclicas, tão fraternas, quando primaveras coloridas se transformam em verões ardentes, e outonos melancólicos se tornam frios vetustos; aí, com efeito, está a vigorosa presença de Deus, cujo espírito esparge toda sua graça e esplendor, arrebatando todos aqueles que reconhecem a Sua glória, sob o temor, e se, de justificam, incontestavelmente, pela fé inabalável.
Deus é infinitamente grande porque Ele, de forma ininterrupta, se faz pequeno diante de nossos olhares míopes e de compreensão sinuosa, mostrando-nos que os maiores ensinamentos nascem das atitudes mais simples que há na vida de cada um.
No sorriso de uma criança, na mão de um pedinte, no sono de um idoso, no orvalho da madrugada, contemplamos o maior de todos os mistérios do universo: a presença augusta, insuperável e insubstituível de Deus, sempre humilde, sempre caridoso – nosso Pai, que habita as mais altas moradas celestiais e que nunca nos desampara!
Eis a grandeza de um ministério. O trabalho de um ministro não é nem grande nem pequeno; não é barulhento tampouco silencioso; nem é totalmente forte ou completamente fraco. Ele é diferente porque está entre o que é e o que não é, pois é no meio da travessia que está o Espírito Santo.
Não há ministérios sem ministros assim como não há ministros sem a presença constante de Deus. A grandeza de um ministério está na morada do Espírito Santo: nossos corpos, nossos corações.

João Carlos de Souza Ribeiro - da Série: Nas Asas da Alva

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